segunda-feira, 2 de maio de 2011

ANF à Troika

A Troika da nossa humilhação parece apostada em fazer descer o preço dos medicamentos em seis por cento. À custa da redução do lucro das farmácias dos actuais vinte para dezasseis por cento. Medida que se traduzirá na redução directa do PVP dos medicamentos. E no encaixe de milhões de poupança por parte do Estado.

Ficamos a aguardar com expectativa as medidas concebidas pela TroiKa dirigidas à Indústria Farmacêutica.
drfeelgood
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Domingo, Maio 1


A festa foi bonita, pá!



Aqui está parte da versão original da canção 'Tanto Mar' de Chico Buarque, retirada de um documentário sobre o 25 Abril de Sérgio Tréfaut.
No primeiro de Maio de 74, a festa foi bonita, pá. Em 75 o PPD não foi convidado para a manifestação, o PS aceitou que a Intersindical lhe atribuísse a cauda do cortejo e, quando os socialistas chegaram ao Estádio 1º Maio, já lá não tinham lugar. Mário Soares e Salgado Zenha foram impedidos de entrar na tribuna por uns rapazes da Inter que enchiam a boca com palavras de Liberdade e Democracia.

José António Meneses Correia, in face book

Coimbra terá dois centros públicos de PMA …

Não é propriamente Coimbra. Será o futuro Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), criado pelo decreto-lei 30/2011 [entretanto “congelado” pelo Governo em gestão]. link

O planeamento hospitalar a mostrar a sua melhor faceta. No momento, digladiam-se territórios, áreas de influência e protagonismos pessoais e institucionais. Existem [ao que se supõe nos 2 centros] problemas com recursos humanos qualificados. A abertura de um 2º. Centro de PMA – no seguimento do compasso de espera tributário da crise política - é um exemplo acabado de redundância [termo presentemente muito usado na área da saúde]...

Ficamos à espera de assistir – dentro da mesma Instituição - a um processo concorrencial autofágico. Ou, então, de uma vertiginosa circulação de pessoal, de um Centro para o outro, a exemplo do preconizado para Grupo Hospitalar do Centro de Lisboa (GHCL)…

Enquanto isso, com o investimento já feito, falta contabilizar o esbanjamento…

Não há "fusões" que nos valham… porque o planeamento é feito em cima do joelho, para satisfazer situações imediatistas e a reboque de pressões orçamentais [sem critérios clínicos, avaliações técnicas e estudos demográficos].
Ao fim e ao cabo a saga despesista que nos afundou, p. exº., na construção de múltiplos e excedentários estádios [Euro 2004] continua…viva e de boa saúde.

E-Pá!
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sans la nommer

Sábado, Abril 30


PPC, tem tudo a ver

Passos diz que “o Estado não tem que ser o único prestador de serviços de saúde”. 29.04.2011, Lusa

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, afirmou hoje que o “melhor seguro de saúde é o público” mas que o “Estado não tem que ser o único prestador de serviços de saúde” e que é intenção do PSD garantir o seguro de saúde “iminentemente público”. De visita ao Hospital Narciso Ferreira, em Riba de Ave, o líder do PSD elogiou o papel das misericórdias no panorama de prestação de cuidados de saúde em Portugal.

“Não ignorámos o papel notável das misericórdias no apoio aos mais desfavorecidos que o Estado não conseguiria fazer sozinho”, afirmou. Passo Coelho reconheceu que “o melhor seguro de saúde é o público” e que os “riscos” que este seguro cobre “são melhor suportados pela colectividade”. Mas, afirmou, “isto não significa que não existam vários prestadores de serviços privados, nem que o Estado tem que ser o único prestador de serviços de saúde”. Segundo o líder social-democrata, “as pessoas devem poder escolher”.

“Pretendemos que as pessoas possam ter seguro iminentemente público mas que possam escolher”, adiantou. Para Pedro Passos Coelho “ganhamos todos em qualificar os privados”. O Hospital Narciso Ferreira está sob a alçada da Misericórdia e existe desde a década de 40 do século XX. Actualmente emprega mais de 270 pessoas e serve cerca de 120 mil utentes de cinco concelhos.
Depois da visita ao Hospital em Riba de Ave, Passos Coelho visitou ainda a fábrica de pneus Continental, em Lousado, Vila Nova de Famalicão.

Em matéria de saúde PPC, de certa forma, já nos tinha sossegado com aquela que ficou conhecida como a Declaração de Massamá no fim-de-semana da Páscoa quando referiu que os portugueses poderiam ficar descansados em matéria de cuidados de saúde porque, ele próprio, tinha filhos e sabia bem o transtorno que causavam os problemas de saúde.

Poder-se-á mesmo dizer que a Declaração de Massamá estará para PPC e para o PSD, em matéria de sistema de saúde como estiveram as Declarações de Otawa, Alma-Ata e Tallin para a saúde mundial.

Quanto às declarações de hoje estamos perante mais um exercício de profundidade intelectual e de pensamento estratégico “low-cost” ou seja, curtinho, ligeirinho e mal amanhado.
Fez bem PPC depois de ter ido à Misericórdia de Riba de Ave ter passado pelos pneus da Continental. Tem tudo a ver…

Setubalense

Pensamento estratégico "low cost"


Quinta-feira, Abril 28


Seis hospitais de Lisboa


Vão partilhar médicos…

A criação do novo Grupo Hospitalar do Centro de Lisboa (GHCL) vai permitir que médicos e enfermeiros circulem entre os seis hospitais que agora passam a fazer parte deste mega-agrupamento de saúde: Curry Cabral, Maternidade Alfredo da Costa, D. Estefânia, Santa Marta, Capuchos e São José.
link
A relevância da gestão dos recursos humanos em Saúde é sobejamente conhecida. Desequilíbrios na distribuição do pessoal de saúde dão sistematicamente origem a uma utilização inadequada de serviços, com ampla repercussão na efectividade das respostas.

O volume e o custo dos serviços prestados dependem de uma panóplia de decisões tomadas ao redor da autonomia técnica dos profissionais e da coordenação das direcções dos serviços.

As condições de trabalho dos profissionais e, portanto a sua produtividade, em cada serviço, são determinadas pela situação in loco das infra-estruturas. Estas só se tornam eficientes quando assentes num conhecimento pormenorizado das capacidades locais globais [humanas, técnicas, instalações, etc.], de cada unidade, e na capacidade de mobilização e empenhamento por objectos [contratos programa].
Deste modo, a organização e gestão dos serviços está intimamente ligada ao levantamento dos recursos necessários para servir as necessidades dos utentes de determinada área de Saúde que configuram o quadro de equidade própria [vertical]. Assim, os serviços são em larga medida o espelho das condições, da satisfação, da competência e da motivação dos prestadores e do seu enquadramento na governação clínicas das respectivas unidades.

Um serviço de saúde só produz resultados quando é capaz de montar um sistema organizativo estável capaz de mobilizar e utilizar os recursos adequados. Esta estabilidade organizativa não pode ser divorciada do conceito de longo termo e de permanência.

Os serviços de saúde para serem eficientes carecem de intenso entrosamento profissional. E de longos períodos de treino e de formação. Há, na rotina quotidiana, múltiplos procedimentos que, apesar da necessidade de incorporar inovações, se repetem ao longo do tempo. Por outro lado, a padronização de competências só é possível de alcançar se existir um plano formativo profissional adequado às características de cada serviço e com o objectivo de qualificar a resposta, baseado numa planificação coordenada e programada, pelo menos, a médio prazo.

Embora na organização dos serviços cada sector profissional reivindique uma larga autonomia e responsabilidade técnica há, sempre, a estrita necessidade de coordenação.

A excessiva [ou uma aleatória] mobilidade profissional que a actual proposta do MS relativa ao Grupo Hospitalar do Centro de Lisboa (GHCL) pretende fomentar, poderá camuflar as necessidades de recursos humanos, mas tem efeitos perversos. É uma aposta na fragmentação que dificultará a coordenação interna dos serviços e prejudicará o desempenho.
Enfim, mais uma medida com efeitos deletérios na qualidade dos cuidados que serão futuramente prestados.

Ninguém pode esperar bons resultados quando preconiza uma elevada instabilidade [mobilidade] dos grupos profissionais [no caso vertente médicos e enfermeiros] e se submete a organização dos serviços a flutuações imprevisíveis ou incontroladas.
O modelo assente numa imprevisível e aleatória mobilidade profissional nunca será uma boa solução de gestão dos recursos humanos. Será, sempre, um remendo. Ou a entronização das soluções em cima do joelho uma relapsa e inata tendência [taracção?] dos actuais decisores no MS...
E-Pá!
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Quarta-feira, Abril 27


Os Neoliberais (de Pacotilha) e o Racismo Social

A conta-gotas, de mansinho, pé antepé os neoliberais de pacotilha que se acolitam em torno de PPC vão deixando cair, todos os dias, uma ideia nova. Depois do fracasso da tentativa de revisão constitucional da república delineada por essa figura central da democracia portuguesa, fervoroso adepto da causa monárquica, que dá pelo nome de Paulo Teixeira Pinto vão surgindo agora muitas das pérolas ideológicas que estavam guardadas no baú das recordações.

Desde o plafonamento das pensões com desnatação dos mais ricos para alimentar os fundos de pensões privados até ao epíteto de aldrabões - conferido pelo inenarrável vice-presidente de PPC, Diogo Leite Campos – a todos os que beneficiam de subsídios sociais até à peregrina ideia, de hoje, dos “peritos” do Mais Sociedade que querem castigar os desempregados de longa duração com penalização proporcional nas pensões de reforma, tudo parece possível.
Pelo meio a insistência em privatizar tudo o que mexe com particular enfoque na saúde e na educação.

Pelo meio ressalta o ódio profundo desta camarilha a tudo o que seja aparentado de Estado Social. Ao racismo económico junta-se o racismo social. Detestam os pobres e os excluídos. Toleram apenas que sejam tratadas com comiseração cristã porque tal expia as suas consciências. Para esses apenas e só a expressão assistencialista sustentada na dádiva misericordiosa. Nada de direitos. Se uma qualquer operária fabril, aos cinquenta anos, perder o emprego por deslocalização para a China da fábrica de sapatos e, entretanto, não conseguir emprego nos próximos dez anos há que castigá-la esmifrando-lhe a reforma e exorcizando, desse modo, a irreprimível tentação do ócio.

O problema é que eles pensam que estão certos. Quando se encontram no golfe e nos imensos torneios de ténis que patrocinam lamentam entre si a ânsia que lhes vai na alma por não verem a hora de, finalmente, privatizar o país num imenso mar de PPP’s imaginando o dia em que PPC, sentado no sofá ao lado da sua mulher proclame ao país, a partir de Massamá, …”nós também gostamos de ajudar os pobres e eu a minha mulher contribuímos todos os anos com um saco de mercearia para o Banco Alimentar contra a Fome”…
Pelo caminho a ministra da saúde numa incessante fúria mediática vai inaugurando todos os dias uma cama de cuidados continuados ao mesmo tempo que lança as bases de um SNS parcelar e tendencialmente pago no momento da utilização.
Setubalense

Adalberto Campos Fernandes


"Entrar num processo de racionamento em saúde é passar fronteira muito perigosa"
Professor da Escola Nacional de Saúde Pública e ex-presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Adalberto Campos Fernandes defende que é preciso "transparência" na Saúde. Hoje, "o grande risco é entrarmos numa abordagem precipitada de desmantelamento do sistema em nome de uma fórmula que não está testada", defende.

Que balanço faz do Governo socialista na área da Saúde?


Há alguns aspectos que são bastantes positivos, como a reforma dos cuidados de saúde primários. Independentemente de ainda existirem manchas de população sem médico de família, o modelo das USF (unidades de saúde familiar) tem grande potencial. Uma iniciativa também muito bem desenhada é a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. Houve ainda uma evolução muito positiva da mediana dos tempos de espera cirúrgicos. E o cheque-dentista permitiu o acesso a uma área até então praticamente a descoberto. Dos aspectos que correram menos bem, destaco claramente a política do medicamento. Foi confusa, em certos momentos pareceu mesmo contraditória. Não se avançou na área da avaliação da inovação e na reforma do sistema de comparticipações. Também a taxa de penetração dos medicamentos genéricos (cerca de 20 por cento) continua a ser muito modesta. Outra área em que se fica com alguma frustração: o modelo de gestão hospitalar. Não se avançou na avaliação da gestão nem se aprofundou o modelo empresarial. Com os centros hospitalares foi-se muito à componente jurídica e formal, a amplitude da reforma foi muito tímida.


No programa do Governo 2009-2013 estava previsto que os subsistemas de saúde públicos deveriam evoluir no sentido da auto-suficiência, o que implicaria, na prática, o fim da ADSE tal como existe hoje. Acha que este é o caminho a seguir

É uma medida muito pouco popular. Mas se reler o relatório sobre a sustentabilidade do SNS está lá bem recomendado que efectivamente esta medida deve ser prosseguida. Estamos num tempo em que é preciso fazer escolhas. Ao nível da despesa, há a convicção profunda de que ainda é possível cortar. Há problemas de organização do trabalho, nos recursos humanos há uma grande dependência do trabalho extraordinário, há uma sobrecarga muito grande das urgências hospitalares. Temos algumas redundâncias de serviços e hospitais a mais.


E o que se deve fazer nas parcerias público-privadas (PPP)? No quadro actual, será de prosseguir com os planos iniciais de construir 10 hospitais em PPP?


Deve-se avaliar primeiro antes de tomar decisões. É um modelo atípico, muito propício a uma grande conflitualidade. O mais importante é que a rede do SNS tenha uma gestão profissionalizada e que os processos sejam muito transparentes. Há uma grande opacidade no sistema de saúde em geral. O grande risco é entrarmos numa abordagem um bocadinho precipitada de desmantelamento do sistema - que tem provado que responde - em nome de uma fórmula que não está testada. É preciso transparência, comparabilidade, avaliação interna e externa.


Relativamente aos cortes na Saúde, acredita que é possível ir mais longe?


É preciso traçar objectivos realistas. [Doutra forma], as unidades entram numa espiral de subfinanciamento, em processo de dívidas a fornecedores, deixam de poder prestar cuidados. E esta é uma área muito sensível, que pede muito bom senso. Quem vier dizer que consegue garantir o acesso sem restringir não está a falar verdade. É necessário fazer tudo para que nos próximos três, quatro anos a despesa se mantenha controlada (crescimento de zero ou um por cento, no máximo), o que implica um trabalho muito intenso na eficiência interna. Mas é importante que não sejam impostas mais medidas de carácter cego e que não se avance numa espiral de agravamento. Dois milhões de portugueses vivem abaixo do limiar de pobreza e quatro milhões não pagam IRS. São pessoas que dependem do sistema público. Entrar num processo de racionamento em saúde significa passar uma fronteira muito perigosa.

entrevista de Alexandra Campos, JP 25.04.11
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Segunda-feira, Abril 25


A Divina Comédia

ALTOS : Ana Jorge, ministra da Saúde«Apoiou as iniciativas da Inspecção da Saúde junto dos hospitais que pediram apoio à população (evitando que a demagogia campeasse), não se intimidou com as reacções corporativas à "importação" de médicos da Amarica do Sul e vai alargar a fiscalização das facturas dos medicamentos aos exames, à hemodiálise e ao transporte de doentes. Profilática e eficaz.» "Altos e Baixos” João Garcia, Semanário Expresso, 22.04.11

Infelizmente o espectáculo está quase a terminar. Ficam, no entanto, algumas notas trágico-cómicas deste (triste) consulado. Primeiro a utilidade das assessorias dispendiosas cujo valor se viu ressarcido pela capacidade de acomodar umas setas para cima nas publicações do grupo Impresa.

Depois o engenho da narrativa gizada:- “Apoiou as iniciativas da Inspecção da Saúde junto dos hospitais que pediram apoio à população (evitando que a demagogia campeasse)”.A expressão do cinismo sonso pós-moderno. O que aconteceu foi que a senhora ministra“encomendou” as inspecções para sacudir a água do capote denegrindo a imagem da instituição e dos seus dirigentes escamoteando a grave responsabilidade no sufoco orçamental a que está a submeter a MAC e a generalidade dos hospitais do SNS.
Inventou a parábola das fraldas voadoras violentamente ironizada por Marcelo Rebelo de Sousa que, a esse propósito, disse e bem que quem precisava de voar não seriam exactamente as fraldas.

No jogo das setas aparece outra pérola:
- “não se intimidou com as reacções corporativas à "importação" de médicos da Amarica do Sul”.
É claro que nada como esta acção de propaganda para esconder a responsabilidade na maior vaga de reformas de que há memória nos CSP, no maior número de portugueses sem médico de família, no caos absoluto instalado nos ACE’s. Imbuída do vício da propaganda mentirosa acena com a importação de meia dúzia de médicos sem formação repescados nas sobras dos sistemas de saúde de alguns países da América latina. Tudo isto vendido como luta corajosa contra as corporações vindo de quem alienou a independência política do MS aos sindicatos assinando de soslaio e à socapa acordos a três dias das eleições em 2009 e ACT’s já em 2011 depois do governo demitido.

Finalmente o retoque final:-“vai alargar a fiscalização das facturas dos medicamentos aos exames, à hemodiálise e ao transporte de doentes”.Depois de ter sido responsável pelo maior buraco na despesa com medicamentos com a gratuitidade de medicamentos pré-eleitoral que gerou a maior fraude de que há memória no SNS aparece agora armada em justiceira da negligência e da incompetência.
Apesar do tempo político escassear e considerando que está garantido o poiso parlamentar para garantir a reforma ficam aqui algumas sugestões para setinhas a “encomendar” nas próximas edições de um semanário amigo:
- Maior dívida a fornecedores do SNS de que há memória.
- Maior número de saídas de médicos do SNS de que há memória.
- Maior número de portugueses sem médico de família de que há memória.

Setubalense

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